Ato médico? Autoritarismo e retrocesso no Congresso Nacional

“Nossa posição é clara e cristalina: nós não abriremos mão da prerrogativa do diagnóstico, do tratamento e do comando da equipe multidisciplinar no tratamento de um paciente. Do contrário seria negar a Medicina. Precisamos debater sobre o quê podemos avançar para o paciente”.Ronaldo Caiado – Deputado Federal (DEM-GO) e médico durante debate sobre o projeto de lei mais conhecido como ATO MÉDICO.

A OMS – Organização Mundial da Saúde, define SAÚDE como sendo “o bem estar físico, psíquico e social do ser humano e não somente a ausência de enfermidade ou invalidez”. Quer os médicos, senhores da razão, CONCORDEM ou NÃO, esta é a definição aprovada e chancelada pelos países de todo o mundo através da entidade maior da saúde.

Dentre vários significados, esta definição traz um emblemático que é a multidisciplinaridade. Que quer dizer, a Saúde é uma construção feita por 14 diferentes áreas de atuação profissional, todas muito importantes para a recuperação do paciente e não apenas por uma única, hegemônica, auto-suficiente e soberana, como querem impor alguns médicos (entre eles o Dr. Ronaldo Caiado) às outras 13 profissões.

Há casos de países desenvolvidos, como a Itália, que o profissional que cuida da prevenção das doenças recebe remuneração maior do que aqueles especializados em procedimentos de alta complexidade, como por exemplo as cirurgias cardíacas. A lógica é simples: quando há prevenção, as pessoas precisam bem menos de operar o coração.

Portanto o paciente necessita, com o mesmo grau de importância, de cuidados e da atuação de profissionais especializados para atuar em situações diferentes. Dos cuidados dos enfermeiros; das informações dos farmacêuticos sobre o uso correto de medicamentos; da orientação do psicólogo; das técnicas do fisioterapeuta e do fonoaudiólogo, das dietas receitadas pelos nutricionistas; dos laudos dos exames de sangue e hormonais feitos pelos bioquímicos e de todos os outros profissionais. E precisam muito do médico. Da atuação do médico. As outras 13 profissões reconhecem e valorizam esse profissional.

Observação: Os relatos feitos acima são endereçados ao Deputado Federal Ronaldo Caiado que chegou atrasado para o debate, que aconteceu nesta quarta feira 14/10 na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados sobre o PL 7703/06, mais conhecido como ATO MÉDICO, e saiu antes de terminar. Por que pelo que disse em seu pronunciamento revelou um profundo autoritarismo e retrocedeu a saúde a um momento remoto da evolução humana e envolto na luz de velas que ainda emanam do candelabro, em um canto escuro da medicina medieval.

Farmacêutico Danilo Caser
Presidente da FEIFAR