Recife, quinta-feira, 12 de abril de 2012
Belo Horizonte — A inclusão da vacina de vírus do papiloma humano (HPV) no Programa Nacional de Imunizações (PNI) pode representar a redução nos casos de câncer de colo de útero, a segunda maior causa de mortalidade entre as mulheres brasileiras. A boa notícia é que a introdução da vacina está em estudo pelo Ministério da Saúde. “A inclusão pode parecer um custo, mas representa um investimento em saúde. Pode parecer um dispêndio no momento, mas o governo vai economizar muito com os custos do tratamento do câncer no futuro”, defende Charles Pádua, diretor do Cetus Hospital. Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam que, em 2012, no Brasil, devem ser registrados 17.540 novos casos desse tipo de tumor — equivalente a 17 casos para cada 100 mil mulheres.
Na rede privada, há 14 anos, a vacina vem sendo aplicada em mulheres de 9 a 26 anos, e desde o ano passado o uso foi liberado também para homens na mesma faixa etária. A vacina quadrivalente, que combate os tipos do HPV identificados como 6, 11, 16 e 18, pode ser encontrada em clínicas particulares a preços que variam de R$ 300 a R$ 350 para cada uma das três doses. Embora o HPV, que se refere a uma família de vírus com mais de 200 tipos diferentes, seja associado às mulheres, ele pode causar nos homens o câncer de pênis, ânus e as verrugas ânus-genitais, conhecidas como crista de galo.
O alto custo da vacina compromete uma ampliação da cobertura da imunização. “Apenas 1% da população deve ter se vacinado, o que, em termos de saúde pública, não representa nada. Para reduzirmos a quantidade de vírus circulando, teríamos que proteger de 80% a 90% da população”, afirma o presidente da Sbim, Renato Kfouri. Quando há vacinação em massa, mesmo que não seja a totalidade da população, é possível reduzir a circulação do vírus e até mesmo erradicá-lo. “Mesmo as pessoas que não recebem a vacina são protegidas indiretamente, porque se trata de imunidade de ‘rebanho’”, pontua. Na Austrália, onde a vacinação contra o HPV é uma política pública, houve redução expressiva no número de casos de câncer de colo de útero.
Verrugas
Existem no mercado duas vacinas contra o HPV: a bivalente e a quadrivalente. A primeira protege dos tipos 16 e 18, causadores de 70% dos cânceres de colo de útero, e está indicada para mulheres. Já a quadrivalente combate também os tipos 6 e 11, responsáveis por 90% das verrugas genitais. Ambas oferecem proteção adicional contra outras variedades causadoras de cerca de 10% dos cânceres do colo de útero. As vacinas dão ao organismo capacidade de gerar produção de anticorpos e proteção que chega a 99%. No entanto, não podem ser usadas como tratamento para quem já se infectou com o vírus.
Vírus
Os HPVs (vírus do papiloma humano) são da família Papilomaviridae, capazes de provocar lesões na pele ou na mucosa. Na maior parte dos casos, as lesões têm crescimento limitado e costumam regridir espontaneamente. Existem mais de 200 tipos diferentes de HPV. Eles são classificados como de baixo risco e de alto risco de câncer. Somente os de alto risco estão relacionados a tumores malignos.
Incidência
A infecção por HPV atinge cerca de 630 milhões de pessoas no mundo. Estima-se que os tipos 16 e 18 do vírus causem de 40% a 50% dos cânceres de vulva e 70% dos cânceres vaginais, bem como 85% dos casos de câncer anal.
Sintomas
O HPV pode permanecer no organismo sem qualquer sintoma por meses e até anos. Os tumores malignos, por exemplo, podem demorar de 10 a 20 anos para se desenvolverem.
Contágio
A probabilidade de contágio também é alta, varia de 50% a 80%, e o vírus pode ser transmitido mesmo que esteja latente (sem manifestação visível).
Vacina
A vacina quadrivalente contra o HPV é administrada em 3 doses, com aplicação intramuscular. A primeira pode ser aplicada em data escolhida, a segunda é administrada dois meses depois da primeira e a terceira, seis meses após a primeira. (Diario de Pernambuco, Mundo, 12/04/2012)